Último Suspiro…

Este poema foi escrito e inspirado com a partida da minha mãe.
Foi um momento marcante e inesquecível, onde tive o privilégio, de acompanhar a sua partida para o outro plano, ao seu lado, de mão dada a fazer festas e dizendo que iria correr tudo bem… eu e a minha irmã, juntas a assistir ao seu último suspiro, ao seu último adeus!

Com último suspiro acaba a vida,
Dá-se início a um novo começo de ausência sentida,
Derradeiro final alivia o sofrimento de quem sofre e de quem vê sofrer.
Mas semeie-se a penosa culpa de quem desejou este final sem mais ver sofrer.

Deambula na vida quem perdeu o seu rumo e procura o seu norte, um novo norte.
Desenterram-se inquietações e verdades escondidas,
no sentido de encontrar um caminho, o caminho, uma nova estrada de volta ao caminho da Vida.
Esta inquietação inquieta não permite descansar e desfrutar o momento presente,
e a vida que passa…
Pergunto, quantas serão as almas que vivem sob esta nova verdade escondida de si próprias?!

Com isto almejam e desencantam a felicidade alheia.
Minam de inquietação e desassossego quem tenta ser feliz.
Esta felicidade alheia fere quem vive sem saborear a vida sem saber o caminho.
O seu caminho de Volta a si próprio.

Todo este trilho têm o seu tempo, o tempo de cada um.
Um tempo que atenua e pesa mais com a sentida ausência e saudade.

Uma penosa saudade, marcante, raivosa, gritante,
que exclama de respostas que não aparecem,
desafia por batalhas que façam urgir pistas do que foi perdido
e do novo caminho sem igual, que luta no dia-a-dia por espaço…
Espaço, para voltar a sentir o sabor da vida, que já não sabe, nem nunca vai saber igual.

Esta ondulação de sentimentos e emoções sem igual,
transbordam as costas seguras que vivem desgastadas pela maré,
mas que se mantém firmes e leais.

O farol está lá, dá sinais de vida, o caminho de volta a casa,
Há que ter fé e acreditar, afinal nós somos o mar e a terra, a lua e o sol,
desconhecido e o conhecido, anarquia e a ordem, tempestade e a bonança,
incerteza e a certeza, ausência de rumo e o Norte nas nossas vidas.

Mas onde há espaço para novas cores, vivências e memórias,
para escrever uma nova história que fará parte do Norte dos nossos tesouros escondidos,
que crescem todos dias e que também sofrem connosco,
sentem a nossa dor e que precisam do seu Norte para lhes guiar à vida.
Para não se perderem, que temem ser esquecidos.

São o combustível da vida
O Sol
A Paz
O Amor

5 janeiro de 2025

4 comentários em “Último Suspiro…”

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